quarta-feira, 30 de maio de 2012

O campeão sem rojões

Em 2004, no Hotel Hilton Morumbi, em São Paulo, conheci o indiano Viswanathan Anand

A rodada do torneio de rápidas que ele disputava, junto com Karpov, Vescovi, Leitão, Milos e Morovic, já havia acabado há algum tempo. E ele continuava ali, a perambular pelo hotel, atendendo aos fãs e posando para fotos como essa abaixo.

De longe, o cara mais gente boa e tranquilo entre os GMs estrangeiros presentes (Kasparov também estava no hotel, embora não tenha jogado o torneio).

Hoje, 30 de maio de 2012, Viswanathan Anand confirmou o título de campeão mundial de xadrez, ao vencer o GM Boris Gelfand no tie-break. O match talvez mais equilibrado dos últimos tempos e, quem sabe justamente por isso, o mais criticado também.

Falaram muito que o jogo do indiano estava "sem emoção", "sem sangue", "sem grande explosão". Falaram que faltou adrenalina, rivalidade, confetes e rojões neste campeonato mundial. O próprio Kasparov, como sempre, chegou a dizer que Anand estava em queda livre, bem diferente do gênio que conhecemos em meados dos anos 1990.

Apesar disso tudo, o título ficou em boas mãos. Não que Gelfand não o merecesse, seria até interessante ver um "azarão" vencer o match, mas Anand é mais campeão, é mais naturalmente estrela e (ainda é) mais gênio também. 

E ele come fast food no shopping sem seguranças ou pose de granfino. Enfim, ele é um dos "gente boa" mais clássicos do xadrez mundial. Parabéns, Vishy!


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Um comentário:

tradechess disse...

Meu caro, você tem toda razão. Anand além de gênio, traz consigo uma humildade impar. Ofereci a ele o livro do Kasparov, imagine, livro do Kasparov, e ele autografou para mim. Uma demonstração de despreendimento, de bem com a vida, privilégio de poucos GM's que trazem consigo o Rei na barriga. e como disse um dos integrantes da corte máxima no Brasil, quem tem o Rei na barriga, morre de parto.

Lances Finos